domingo, 27 de junho de 2021

Refletindo sobre uma (falsa) "novidade" no ensino...

O ensino remoto e híbrido tem obrigado os professores a produzirem textos e exercícios para seus alunos. Tenho notado que algumas gráficas já começaram a produzir material didático anunciando como facilitadores do ensino. Material colocado a venda a preços baixos. 

É um material de produção barata, em preto e branco, ilustrações simples, que trazem textos curtos (um resumo da matéria) seguidos de exercícios.

Isso me lembrou o método "estudo dirigido"  que foi moda há 50 anos. Editoras importantes como Ática, Moderna, FTD, Brasil etc. tinham livros didáticos de todas disciplinas no método "estudo dirigido". O livro era uma coletânea de fichas, algumas destacáveis, que traziam textos curtos ou exemplos de problemas de matemática e uma bateria de exercícios.

O método "estudo dirigido"  foi uma febre nos anos de 1970 a 1980. Na mesma época, era novidade o trabalho em grupo. Assim, bastava dividir a classe em grupos, distribuir as fichas de estudo dirigido e deixar os alunos aprenderem e exercitarem por si mesmos. No final da aula, recolhiam-se as fichas preenchidas, e com os nomes dos alunos. 

O método ainda existe. Se buscarem no Google vão encontrar escolas, faculdades e livros com esse método. Em sebos, também encontrarão livros didáticos de "estudo dirigido" daqueles anos. 

E por que o "ensino dirigido" não se manteve? Na época, o método foi muito criticado na academia por que ele ameaçava o professor especialista. Bastava um adulto alfabetizado pra orientar o aluno. O professor especialista era descartado. Além disso, o método padronizava alunos, colocando todos em um mesmo nível de pré e pós aprendizagem. O método tb restringia a dúvida e o debate pois "tudo o que o aluno devia saber" estava ali na ficha. Ele só tinha que ler, entender e responder as questões.

Era o ensino direto, objetivo, padronizador e... confortável, sem riscos de polemizações e conscientização. E ainda, dizia-se que o método valorizava a iniciativa do aluno (vocabulário antigo para "protagonismo"). 

 Hoje, com a crescente possibilidade de aprovação do "homeshooling", esse tipo de material certamente vai voltar com força total. É o material ideal para os pais e responsáveis acompanharem a educação dos filhos. 

Pensem muito bem, professores, a armadilha que as circunstâncias atuais podem estar nos conduzindo. Vamos refletir sobre outros aspectos da hiper valorização da auto-aprendizagem.

Imagem: capa de livro didático de ensino dirigido, editora Ática, 1974.
Fonte: Ensinar História

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