Crise do Socialismo no Leste Europeu
O Muro de
Berlim construído em 1961 tinha como objetivo dividir a Alemanha em
duas novas repúblicas, uma liderada pelos Estados Unidos e a outra comandada
pela União Soviética.
A
obra se tornou o principal símbolo do antagonismo entre capitalismo e
socialismo durante a Guerra
Fria. Sua derrubada em 1989 representou o colapso do regime socialista
nos países do leste europeu.
Contexto Histórico
O
desenvolvimento industrial iniciado no século XVIII pela Inglaterra provocaria
intensas transformações na configuração das sociedades. A intensificação da
produção estimularia o crescimento das cidades e o aumento do êxodo rural de
trabalhadores em busca de uma oportunidade profissional nas indústrias em
expansão.
O capitalismo se
firmou como modelo econômico orientador das novas relações de trabalho, o
surgimento de uma nova classe social, o proletário também seria uma das consequências da
revolução industrial.
O
Capitalismo pode ser definido como um sistema socioeconômico que defende a
liberdade comercial, a propriedade privada, a obtenção de lucro e o acúmulo de
capital. Esse modelo se intensificaria ainda mais no século XIX, o crescimento
industrial geraria um aumento da classe proletária, a péssima condição de vida
do trabalhador levaria ao surgimento de correntes ideológicas que condenariam o
estilo adotado pelo capitalismo.
Segundo
essas correntes, a busca desenfreada pelo lucro massacrava o trabalhador e
intensificava a luta de classes.
Nesse contexto, Karl Marx e Friedrich
Engels, iniciam no século XIX uma profunda análise da sociedade instituída
pelo capitalismo, a partir desse estudo eles criam uma doutrina política
conhecida como Socialismo Científico ou Marxismo.
De
acordo com essa nova corrente ideológica, o capitalismo é responsável pelo
aumento das desigualdades entre as classes sociais e a alternativa para o fim
dessas distinções seria a adoção do socialismo como modelo
socioeconômico e político para a transformação da sociedade.
O
Socialismo idealizado por Marx e Engels seria concretizado após uma revolução
liderada pelo proletariado em que estes governariam em função do povo. A
primeira medida seria acabar com a propriedade privada e coletivizar a terra e
os meios de produção. A implantação do comunismo segundo
esses teóricos seria capaz de eliminar as lutas de classes e as desigualdades
sociais.
Teoricamente o
Socialismo Científico representava um modelo bastante atrativo a serem
seguidos, muitos países o adotaram como regime político, econômico e social,
porém a forma como ele foi implantado não foi capaz de sanar os problemas
sociais, pelo contrário ele foi responsável pela intensificação das
desigualdades e da crise econômica.
O
socialismo ganharia destaque ao final da Segunda Guerra
Mundial com a vitória da União Soviética no conflito. Desde a Revolução
Russa de 1917, os países integrantes da nação soviética adotaram o socialismo,
com o desfecho da Guerra, a nova potência entraria em uma disputa com os
Estados Unidos pela hegemonia mundial.
Os
países do leste europeu devastados com os conflitos durante a Segunda Guerra
Mundial não possuíam força política e econômica para se reconstruírem, a União
Soviética oferece ajuda a esses países aumentando assim a sua influência na
região. Um por um os países do leste europeu foram se aliando aos soviéticos e
implanto o regime socialista. URSS, Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia,
Romênia, Hungria e Bulgária faziam parte do grupo de
aliado da potência soviética.
Crise
do Socialismo
A
crise do socialismo do leste europeu seria motivada pela insatisfação dos
governos com a política empreendida pela União Soviética. A grande potência
socialista não foi capaz de retirar esses países da crise, isso demonstrou que
a aliança dos soviéticos com os integrantes do leste europeu não passou de uma
estratégia para aumentar o seu domínio na região e conquistar mais aliados
capazes de auxiliá-los em caso de uma guerra contra os Estados Unidos.
O
descontentamento atingiria também a Alemanha, que ao final da Segunda Guerra
foi dividida em Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental, respectivamente
comandadas pelos governos norte-americanos e soviéticos.
Enquanto
a Alemanha Ocidental apresentava um grande crescimento econômico estimulado
pela política liberal dos Estados Unidos, a Alemanha Oriental permanecia
estagnada, o que estimulava a migração dos alemães para o lado ocidental.
A
intensa fuga para a Alemanha Ocidental ocasionou na construção do Muro de
Berlim em 1961. Eficiente na política de evitar a passagem para o lado
ocidental, o Muro se transformou no maior símbolo da divisão entre capitalismo
e socialismo.
Alguns
fatores que intensificaram a crise no leste europeu:
·
Forte
centralização do Estado;
·
Ditadura
estabelecida por um partido único: o Partido Comunista;
·
Denúncias
de casos de corrupção envolvendo o alto escalão do Partido Comunista da União
Soviética;
·
Falta
de investimentos nas indústrias de bens de consumo, o que gerava a falta de
produtos básicos para a sobrevivência da população, a União Soviética se
preocupava excessivamente com a indústria bélica;
·
Insatisfação
popular com o governo soviético;
·
Diminuição
da atividade agropecuária e industrial;
·
Desemprego.
A
ascensão de Mikhail Gorbatchev em 1985 ao governo da União Soviética seria
fundamental para a transformação da história do socialismo no leste europeu.
Gorbachev apresentou uma série de propostas de reformas políticas em todas as
esferas do governo que visavam não só o desenvolvimento econômico, mas também
social da União Soviética.
O
novo líder comunista surpreendeu ao demonstrar ao mundo o desejo de um
alinhamento político com as demais nações, inclusive com os Estados Unidos.
Outro fator que merece destaque nesse governo é a suspensão dos testes
nucleares e da Corrida Armamentista.
O
lançamento em 1986 dos programas conhecidos como glasnost e perestroika
contribuiria para o aceleramento do fim do socialismo. A glasnost representava
uma tentativa de seguir uma política transparente capaz de acabar com a
corrupção de conceder mais liberdade política e individual. A perestroika era
um plano econômico que diminuía a interferência do Estado nas relações
comerciais e estimulava a adoção do liberalismo político.
As
reformas promovidas por Gorbachev estimularam muitos países a romper relações
com o governo soviético, aos poucos a União Soviética foi se desintegrando. A
crise do socialismo no leste europeu provocou o fim do regime na Alemanha
Oriental, com o consentimento dos Estados Unidos e do presidente soviético,
os alemães iniciaram a derrubada do Muro de Berlim em 1989. A junção desses
fatos provocou a decadência do socialismo e a passagem gradual para o modelo
capitalista.
Bons estudos e até a próxima!
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